A palavra e suas propriedades conforme discutido por Bakhtin é a forma como algumas delas perdem propriedades no corpo social e vão entrando no campo ideológico. Ao analisar a notícia de jornal “Pequeno herói salva criança de incêndio”, é possível notar a influência que esses super-heróis exercem na vida das crianças e a ideologia pregada pelo autores das histórias em quadrinhos
Para Bakhtin (2000), “a língua, e a palavra são quase tudo na vida humana” (texto on line - p. 324). Assim, ela é a melhor maneira para analisar os problemas da sociedade.
A palavra apresenta cinco propriedades que a definem, a saber: pureza semiótica, neutralidade ideológica, implicação na comunicação ordinária, interiorização e ubiqüidade. Porém, quando a palavra chega ao campo social perde algumas de suas propriedades e, de acordo com Focault, ela passa a ser perigosa e ter poder. “Tal perda acontece porque a psicologia do corpo social se manifesta essencialmente nos mais diversos aspectos da “enunciação” sob a forma de diferentes modos de discursos sejam eles interiores ou exteriores” (Bakhtin). Como exemplo, temos a questão da “neutralidade”, à palavra é neutra quando descontextualizada, no entanto ao inserir em um enunciado concreto perde a neutralidade e adquire função ideológica.
A interiorização é outro exemplo, pois, conforme Stella (texto on line, apud Brait, 2005, p. 187), ela “se dá entre o signo internamente circulante e o externo (...) os novos significados devem ser compreendidos pelo interlocutor”. Neste caso, o entendimento fica condicionado ao locutor, pois o significado da palavra vai depender de como ele vai inserir esse discurso na sociedade.
Neste contexto, Bakhtin (p.36) diz que: “a palavra é o signo mais puro que existe”, pois para ele os outros signos são sempre específicos de algum campo particular. Sua afirmação é certa, portanto, o signo em si não possui uma única realidade e isso se dá pelo falto de ele refletir e refratar uma outra realidade. Ou seja, a imagem aparece distorcida da realidade, como é o caso da imagem no espelho. Desta forma, o signo vai adquirindo sentido que ultrapassa suas próprias particularidades e acabam entrando no campo ideológico e alcançam a superestrutura. É possível perceber isso ao analisarmos um dicionário, lá encontramos palavras como “boceta” que possui um significado. E, e ao chegar ao campo social adquiri um outro significado de acordo com o meio em que é utilizada. Decorrente disso, está claro que a pureza semiótica já não existe mais.
Ao analisar a notícia de jornal “Pequeno herói salva criança de incêndio”, é notável a influência desta notícia na vida das crianças. Sendo assim, a abordagem irá girar em torno da relação entre os super-heróis e a ideologia, tendo em vista que a palavra “herói”, que no dicionário tem o significado de “homem notável por suas qualidades extraordinárias por seu grande valor e coragem ou por seus desmandos e irregularidades”, no âmbito da literatura infantil ganha uma outra dimensão, pois entre batalhas, derrotas e vitórias, as crianças vão se identificando com os personagens favoritos. E, muitas vezes, define o seu caráter. São situações reais que as crianças enfrentam que comprovam isso como é o caso do pequeno Riquelme que, ao se sentir filho do Homem-Aranha, é tomado pela coragem e pela força que existe somente em sua imaginação, e acaba enfrentando o perigo sem sequer pensar nas conseqüências.
O interessante disso tudo é que os roteiristas colocam os super-heróis sempre do lado do “bem”. Mas que "bem" será esse? O que eles deixam claro que é aquilo que é bom para todos nós, é a manutenção da ordem social existente. Desta maneira, fica certo que: o "bem" sempre deve vencer o "mal". Mas, afinal, e o "mal" o que será? Neste caso, seria a mudança na estrutura do poder, isso seria o pior que poderia ser imposto ao planeta.
Perceba que se em alguma hipótese o representante do "mal" vence, ele assumiria o poder e, consequentemente, os detentores deste poder estariam fora. Isto é, o caráter ideológico desses seres sobre-humanos, está sempre presente em suas histórias (texto on line).
Por trás dos desenhos, há sempre a competição neles é o capitalismo que prevalece. E a ideologia pregada é que você não tem amigo, o que existe é um grupo que se une em torno de uma luta buscando sempre a manutenção do poder.
Essa relação com a manutenção do poder, pode estar relacionada com a época de surgimento de grande parte dos super-heróis existentes hoje no mundo. Estes seres começaram a surgir na esteira dos eventos verificados na 2ª Guerra Mundial e na época da guerra fria, nas quais, os grandes inimigos eram o nazismo e sucessivamente o comunismo. (texto on line).
No entanto, as histórias dos super-heróis vêm sempre com um discurso que infiltra na mente das crianças que já cresce com a frase: “Eu quero ser o vencedor” e isso acontece pelo fato de as histórias virem sempre carregadas de forte conteúdo ideológico. E o que elas pregam mesmo é ainda a apatia política e social, pois deixam claro que quem se levanta contra o sistema representa o mal, e aqueles que lutam pela manutenção do mesmo, são os "mocinhos" que sempre vence. Sobre isso, existe até a famosa frase popular: "o bem sempre vence no final". Objetivando assim, infiltrar essa idéia na mente dos mais jovens, já que este é o público-alvo das histórias de super-heróis, que o melhor é se adaptar ao sistema do que se levantar contra ele, pois, no final, o sistema vigente vai continuar vigente, e o revoltado será derrotado!
Sendo assim, a mentalidade infantil vai se formando desta forma e sendo explorada desde cedo para que, ao crescer, ela esteja fortemente preparada para essa sociedade capitalista que busca sempre o lucro.
E o que acontece com o pequeno Riquelme é uma prova que esses heróis americano, japonês ou de qualquer outro país influenciam na infância e na formação do caráter das pessoas, e quem nem sempre isso se dá de forma positiva.
Referências Bibliográficas:
Bakhtin, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschivieira. São Paulo: Hucitec, 2004, pp. 31-37.
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/119.pdf - Acesso em 21de Nov. 2007.
Pequeno Herói salva criança em incêndio. Encontre esta reportagem em:http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1661671-3586,00.html Acesso em 10 de Nov. 2007.
Os super-heróis e a ideologia pregada. http://formadordeopiniao.blogspot.com/2006/08/os-super-heris-e-ideologia-pregada.html Acesso em 21 de Nov. 2007.
Para Bakhtin (2000), “a língua, e a palavra são quase tudo na vida humana” (texto on line - p. 324). Assim, ela é a melhor maneira para analisar os problemas da sociedade.
A palavra apresenta cinco propriedades que a definem, a saber: pureza semiótica, neutralidade ideológica, implicação na comunicação ordinária, interiorização e ubiqüidade. Porém, quando a palavra chega ao campo social perde algumas de suas propriedades e, de acordo com Focault, ela passa a ser perigosa e ter poder. “Tal perda acontece porque a psicologia do corpo social se manifesta essencialmente nos mais diversos aspectos da “enunciação” sob a forma de diferentes modos de discursos sejam eles interiores ou exteriores” (Bakhtin). Como exemplo, temos a questão da “neutralidade”, à palavra é neutra quando descontextualizada, no entanto ao inserir em um enunciado concreto perde a neutralidade e adquire função ideológica.
A interiorização é outro exemplo, pois, conforme Stella (texto on line, apud Brait, 2005, p. 187), ela “se dá entre o signo internamente circulante e o externo (...) os novos significados devem ser compreendidos pelo interlocutor”. Neste caso, o entendimento fica condicionado ao locutor, pois o significado da palavra vai depender de como ele vai inserir esse discurso na sociedade.
Neste contexto, Bakhtin (p.36) diz que: “a palavra é o signo mais puro que existe”, pois para ele os outros signos são sempre específicos de algum campo particular. Sua afirmação é certa, portanto, o signo em si não possui uma única realidade e isso se dá pelo falto de ele refletir e refratar uma outra realidade. Ou seja, a imagem aparece distorcida da realidade, como é o caso da imagem no espelho. Desta forma, o signo vai adquirindo sentido que ultrapassa suas próprias particularidades e acabam entrando no campo ideológico e alcançam a superestrutura. É possível perceber isso ao analisarmos um dicionário, lá encontramos palavras como “boceta” que possui um significado. E, e ao chegar ao campo social adquiri um outro significado de acordo com o meio em que é utilizada. Decorrente disso, está claro que a pureza semiótica já não existe mais.
Ao analisar a notícia de jornal “Pequeno herói salva criança de incêndio”, é notável a influência desta notícia na vida das crianças. Sendo assim, a abordagem irá girar em torno da relação entre os super-heróis e a ideologia, tendo em vista que a palavra “herói”, que no dicionário tem o significado de “homem notável por suas qualidades extraordinárias por seu grande valor e coragem ou por seus desmandos e irregularidades”, no âmbito da literatura infantil ganha uma outra dimensão, pois entre batalhas, derrotas e vitórias, as crianças vão se identificando com os personagens favoritos. E, muitas vezes, define o seu caráter. São situações reais que as crianças enfrentam que comprovam isso como é o caso do pequeno Riquelme que, ao se sentir filho do Homem-Aranha, é tomado pela coragem e pela força que existe somente em sua imaginação, e acaba enfrentando o perigo sem sequer pensar nas conseqüências.
O interessante disso tudo é que os roteiristas colocam os super-heróis sempre do lado do “bem”. Mas que "bem" será esse? O que eles deixam claro que é aquilo que é bom para todos nós, é a manutenção da ordem social existente. Desta maneira, fica certo que: o "bem" sempre deve vencer o "mal". Mas, afinal, e o "mal" o que será? Neste caso, seria a mudança na estrutura do poder, isso seria o pior que poderia ser imposto ao planeta.
Perceba que se em alguma hipótese o representante do "mal" vence, ele assumiria o poder e, consequentemente, os detentores deste poder estariam fora. Isto é, o caráter ideológico desses seres sobre-humanos, está sempre presente em suas histórias (texto on line).
Por trás dos desenhos, há sempre a competição neles é o capitalismo que prevalece. E a ideologia pregada é que você não tem amigo, o que existe é um grupo que se une em torno de uma luta buscando sempre a manutenção do poder.
Essa relação com a manutenção do poder, pode estar relacionada com a época de surgimento de grande parte dos super-heróis existentes hoje no mundo. Estes seres começaram a surgir na esteira dos eventos verificados na 2ª Guerra Mundial e na época da guerra fria, nas quais, os grandes inimigos eram o nazismo e sucessivamente o comunismo. (texto on line).
No entanto, as histórias dos super-heróis vêm sempre com um discurso que infiltra na mente das crianças que já cresce com a frase: “Eu quero ser o vencedor” e isso acontece pelo fato de as histórias virem sempre carregadas de forte conteúdo ideológico. E o que elas pregam mesmo é ainda a apatia política e social, pois deixam claro que quem se levanta contra o sistema representa o mal, e aqueles que lutam pela manutenção do mesmo, são os "mocinhos" que sempre vence. Sobre isso, existe até a famosa frase popular: "o bem sempre vence no final". Objetivando assim, infiltrar essa idéia na mente dos mais jovens, já que este é o público-alvo das histórias de super-heróis, que o melhor é se adaptar ao sistema do que se levantar contra ele, pois, no final, o sistema vigente vai continuar vigente, e o revoltado será derrotado!
Sendo assim, a mentalidade infantil vai se formando desta forma e sendo explorada desde cedo para que, ao crescer, ela esteja fortemente preparada para essa sociedade capitalista que busca sempre o lucro.
E o que acontece com o pequeno Riquelme é uma prova que esses heróis americano, japonês ou de qualquer outro país influenciam na infância e na formação do caráter das pessoas, e quem nem sempre isso se dá de forma positiva.
Referências Bibliográficas:
Bakhtin, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschivieira. São Paulo: Hucitec, 2004, pp. 31-37.
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/119.pdf - Acesso em 21de Nov. 2007.
Pequeno Herói salva criança em incêndio. Encontre esta reportagem em:http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1661671-3586,00.html Acesso em 10 de Nov. 2007.
Os super-heróis e a ideologia pregada. http://formadordeopiniao.blogspot.com/2006/08/os-super-heris-e-ideologia-pregada.html Acesso em 21 de Nov. 2007.
Um comentário:
Durante a Guerra Fria, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, um dos trunfos americanos para influenciar as ideologias foram a "reinvenção" do super-herói...nesse contexto, heróis como Homem de Ferro, Batman e, principalmente, Capitão América, ganha um contorno de defensores do bem contra o expansionismo comunista da União Soviética. Nesse contexto, suas palavras nesse texto demonstra uma maturidade no que diz respeito a influência que a mídia e o estigma do super-herói influencia as pessoas no dia de hoje...
Parabéns pelo texto!!!
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